As 12 aldeias históricas de Portugal são verdadeiros tesouros do interior do país. Cada uma delas guarda séculos de história, tradições e lendas, sendo testemunhas vivas da formação da identidade portuguesa. Localizadas principalmente na região Centro, estas aldeias destacam-se pela arquitetura medieval, muralhas, castelos e ruas de pedra, convidando o visitante a uma autêntica viagem no tempo.
Almeida
Almeida é conhecida pela sua impressionante fortaleza em forma de estrela, construída no século XVII para proteger a fronteira com Espanha. O sistema defensivo de Almeida é um dos melhores exemplos de arquitetura militar abaluartada na Europa. Ao passear pelas suas muralhas e casamatas, sente-se o peso das batalhas travadas, especialmente durante as invasões francesas no início do século XIX. O centro da vila mantém o traçado antigo, com ruas estreitas e casas de pedra, e o ambiente é marcado por uma atmosfera de resistência e bravura.
Belmonte
Situada na encosta da Serra da Estrela, Belmonte é famosa por ser o berço de Pedro Álvares Cabral, o navegador que descobriu o Brasil. A presença da comunidade judaica é outro traço marcante da aldeia, visível na antiga sinagoga e no Museu Judaico. O castelo, datado do século XIII, domina a paisagem e oferece vistas deslumbrantes. Belmonte foi palco de importantes acontecimentos históricos, mantendo até hoje as suas tradições e festas típicas.
Castelo Mendo
Castelo Mendo é uma aldeia muralhada que remonta ao século XII. O seu nome deve-se ao cavaleiro Mendo, que terá sido o seu primeiro alcaide. As muralhas, portais e ruínas do castelo transportam-nos para a época medieval, quando era uma importante praça de defesa. Curiosamente, foi em Castelo Mendo que se realizou uma das primeiras feiras de Portugal, no tempo de D. Dinis. As ruas estreitas e silenciosas mantêm o charme genuíno de outros tempos.
Castelo Novo
No sopé da Serra da Gardunha, Castelo Novo destaca-se pela sua estética medieval e pela harmonia com a natureza envolvente. O castelo, construído no século XIII, foi chamado de “novo” por substituir uma fortificação anterior. As ruas empedradas, as fontes e chafarizes, e as casas senhoriais criam um ambiente acolhedor. Castelo Novo foi também território dos Templários, deixando marcas da influência desta ordem militar na arquitetura local.
Castelo Rodrigo
Castelo Rodrigo ergue-se no topo de uma colina, rodeada por muralhas e com uma vista privilegiada sobre a paisagem da Beira Interior. A aldeia foi palco de disputas entre Portugal e o Reino de Leão, tendo passado definitivamente para a coroa portuguesa após o Tratado de Alcanizes, em 1297. O passado medieval é visível nas ruínas do palácio de Cristóvão de Moura, no pelourinho e nas portas antigas. Castelo Rodrigo também guarda memórias da presença judaica e de conflitos durante a Restauração da Independência.
IDANHA-A-VELHA
Considerada um autêntico museu ao ar livre, Idanha-a-Velha foi fundada pelos romanos e chegou a ser sede episcopal durante o domínio visigodo. Ao longo dos séculos, foi ocupada por suevos, visigodos, muçulmanos e, mais tarde, pelos Templários, que a repovoaram após a conquista por D. Afonso Henriques. As ruínas da catedral, a ponte romana e as muralhas são testemunhos da sua importância histórica e religiosa.
LINHARES DA BEIRA
Linhares da Beira é uma aldeia medieval situada no Parque Natural da Serra da Estrela. Recebeu o primeiro foral de D. Afonso Henriques em 1169. O castelo, construído sobre um penedo, é o principal destaque, mas toda a aldeia é um convite à descoberta, com ruas de granito, pelourinho, igrejas e casas nobres. Linhares da Beira é também conhecida pelas suas lendas e pelo ambiente tranquilo, ideal para quem procura paz e autenticidade.
MARIALVA
No alto de rochedos, Marialva foi uma importante praça militar na Idade Média e ponto de passagem do Caminho de Santiago. A cidadela, hoje em ruínas, mantém o traçado original, permitindo ao visitante imaginar como era a vida na época medieval. Marialva está ligada à tragédia dos Távoras, o que levou ao abandono da cidadela. A decisão de não restaurar as ruínas preserva o ambiente nostálgico e autêntico da aldeia.
MONSANTO
Conhecida como a “aldeia mais portuguesa de Portugal”, Monsanto destaca-se pelas casas de pedra encaixadas entre enormes penedos graníticos. A presença humana remonta ao paleolítico, tendo sido habitada por lusitanos, romanos, visigodos e árabes. O castelo, no topo do monte, foi entregue aos Templários por D. Afonso Henriques. Monsanto ganhou fama internacional ao servir de cenário para produções televisivas, mas o seu encanto reside nas ruas íngremes e na paisagem única.
PIÓDÃO
Piódão é uma das aldeias mais pitorescas de Portugal, conhecida como “aldeia-presépio” pelas casas de xisto alinhadas na encosta da Serra do Açor. O isolamento geográfico contribuiu para a preservação do seu aspeto original. A aldeia desenvolveu-se a partir da reconquista cristã, e as suas ruas estreitas e sinuosas são um convite à exploração. A igreja matriz, de fachada branca, contrasta com o tom escuro das casas, criando um cenário encantador.
SORTELHA
Com cerca de 800 anos de existência, Sortelha é uma das aldeias mais bem conservadas do país. O castelo e a muralha, erguidos num monte rochoso a mais de 700 metros de altitude, proporcionam vistas deslumbrantes sobre a região. Sortelha mantém o traçado medieval, com casas rurais em granito e ruas silenciosas. É um lugar onde o tempo parece passar devagar, ideal para quem procura tranquilidade e contacto com a história.
TRANCOSO
Trancoso foi palco de grandes acontecimentos históricos, como o casamento de D. Dinis com a Rainha Santa Isabel e a famosa Batalha de Trancoso, que garantiu a vitória portuguesa frente a Castela. O castelo, as muralhas e o centro histórico preservam a memória medieval e judaica da cidade. Trancoso também se destacou como centro mercantil, com a realização da Feira de São Bartolomeu, tradição que se mantém até hoje.
Estas 12 aldeias históricas são um convite para descobrir o interior de Portugal, onde a história, a cultura e a natureza se unem para criar experiências únicas. Cada aldeia tem a sua identidade, mas todas partilham a autenticidade, a hospitalidade das gentes e o encanto de um passado que continua vivo nas pedras, nas ruas e nas tradições.
